José de Guimarães

Tanta foi a Tormenta e a Vontade

Jun. 5, 2014 - Jul. 20, 2014
CPS no CCB

Entre 5 de Junho e 20 de Julho, a galeria do Centro Português de Serigrafia no CCB, acolhe a exposição “Tanta foi a Tormenta e a Vontade de obra gráfica recente de José de Guimarães, contemplando obras das séries Hong Kong, Brasil, Inframundos e Oceanos.

 

A mostra é motivada por uma nova serigrafia especial que dá título à exposição, um marco das edições do CPS, evocando o conhecido verso do poema "Prece", da Mensagem de Fernando Pessoa. A serigrafia foi impressa sobre um papel feito à mão exclusivamente para a edição, pela conceituada Casa Meirat, com alta gramagem e uma marca de água a laser do nome do artista, em cada exemplar. A edição é limitada, numerada e assinada pelo artista. Relevando a importância desta serigrafia, foi ainda editado o Diário da Edição, um livro com textos e imagens que descrevem todo o processo de execução da obra, um valioso contributo para reafirmar a impressão serigráfica enquanto método humanizado e criativo.

 

Sobre a obra de José de Guimarães, escreve Maria João Fernandes, crítica de arte (AICA – Assoc. Internacional de Críticos de Arte):

“ O artista sempre dedicou especial atenção à obra gráfica, imprimindo-lhe uma notável qualidade que a presente edição, inspirada na «Mensagem» de Fernando Pessoa, igualmente documenta. A serigrafia acompanha e exprime os aspetos formais e poéticos do seu universo, marcado por uma alegria, por uma exuberância que evocam a arte primitiva. Uma espécie de dança dos aspetos, onde através da fragmentação e do movimento das formas, acentuados pelas cores primárias, vibrantes, se reconstitui uma totalidade perdida, paradisíaca, o sentido da esperança de que fala o poema, sobre o fundo negro de uma ancestral e fatal saudade. A presença oculta da poesia e do mito, alimentando os meandros da civilização, que Guimarães igualmente revela, com humor e a fantasia do jogo combinatório das suas formas coloridas que parecem inesgotáveis como as formas do mundo.”

“A obra de Guimarães nas diversas expressões que assume, pintura, a gravura, a escultura, a assemblage, é antes de mais uma linguagem, tem na base o desejo de comunicar, que no seu caso se cumpriu na divulgação que o pintor levou a cabo por suas mãos, do seu trabalho, no estrangeiro, tornando-se por mérito próprio o nosso artista mais internacional. Provam-no as muitas exposições que tem vindo a realizar, individuais e coletivas em diversos países da Europa, na China, no Japão e no México e a sua impressionante bibliografia que inclui prestigiados autores estrangeiros. O estado francês, o estado belga, Museus em S. Paulo e no Rio de Janeiro, a Akemi Foundation no Japão, o Parlamento Europeu e a Fundação de Serralves adquiriram obras suas.”

“Através de uma linguagem totalizadora e original, Guimarães aproxima o inconsciente e o consciente, o mundo arcaico do mundo contemporâneo, apresentando-nos, como todos os grandes artistas, uma alternativa coerente e inesgotável ao real, à sociedade unidimensional da alienação contemporânea. É este carácter universal da sua obra, que o transforma num caso singular das «últimas tendências da arte de hoje» (Gillo Dorfles).”