Eurico Gonçalves

Dádá-Zen: Homenagens

Maio 10, 2012 - Jun. 15, 2012
CPS no CCB

“Era uma vez um homem que sonhava e brincava com os sonhos que sonhava” Eurico, 1950 O Centro Português de Serigrafia inaugura no dia 10 de Maio na sua galeria no CCB, às 18h30, uma exposição de Eurico Gonçalves intitulada Dádá-Zen: Homenagens, que assinala os 80 anos do artista. A exposição desenvolve-se em torno de “encontros inevitáveis”, segundo o artista, com personalidades que admira, desde a sua juventude e ao longo da sua vida, e que assume como referências primordiais evocadas na sua obra escrita, desenhada e pintada. Deste diálogo nascem uma instalação e sete edições de serigrafias originais de Eurico, homenagens a alguns dos expoentes, portugueses e estrangeiros, da poesia e da arte do século XX: Almada Negreiros, Alfred Jarry, Carlos Calvet, Cruzeiro Seixas, Fernando Pessoa, Mário Cesariny e Mário de Sá-Carneiro. Sobre a exposição, escreve a crítica de arte Maria João Fernandes: “Dada e Zen, são, uma vez mais, nesta exposição, as referências inspiradoras do Mestre calígrafo Eurico Gonçalves que em livro recente desenvolveu as implicações desse dueto fundador do seu imaginário e do imaginário contemporâneo. Dada, um dos mais emblemáticos e inspiradores movimentos da modernidade (1916-1922), junta à irreverência surrealista, o culto do acaso, do absurdo, a ironia, praticando a fusão entre a literatura e a pintura. A este ímpeto subversivo e renovador, acrescenta-se na obra de Eurico a inspiração do Oriente e do espírito Zen que igualmente defende a fuga às convenções e a liberdade do poder criativo que se liga a tudo o que é natural e espontâneo num universo onde os opostos se completam. Eurico Gonçalves cuja obra de juventude foi marcada pelo surrealismo, admite, no seu já longo percurso, outras influências, do expressionismo abstracto ao informalismo: Degottex, Hartung, Michaux, Pollock, Wols entre tantos outros, filão onde iria beber, na esteira de Apollinaire e de Picabia, a poesia visual. Contaminações fecundas, analogias entre a literatura e a pintura, entre a pintura e a música. Analogias reconhecidas por Picabia a propósito das obras do seu período cubista e órfico: "a imagem traduz lembranças e evocações, "subtilmente, como acordes musicais", "representações de uma ideia, de uma nostalgia, de uma fugitiva impressão." Eurico, poeta também, escuta as fontes primitivas da arte moderna nas homenagens que dedica a Almada Negreiros (1893-1970), Alfred Jarry (1873-1907), Carlos Calvet (n.1928), Cruzeiro Seixas (n. 1920), Fernando Pessoa (1888-1935), Mário Cesariny (1923-2006 ) e Mário de Sá-Carneiro (1890-1916), poetas pintores, pintores e poetas que têm como denominador comum o génio e a paixão pela palavra com todas as suas virtualidades mágicas que acham hoje uma extraordinária expressão plástica nas sete serigrafias patentes na actual exposição. Mais um momento alto da criação de Eurico, cântico matinal de uma escrita pintura que vem brotando da nascente de uma alma de artista menino e de sábio zen fiel a si mesmo e à essência de um pensamento poético mágico de que é entre nós excepcional intérprete.” Maria João Fernandes, Crítica de Arte, é membro da AICA (Associação Internacional de Críticos de Arte)