Glossário

 

Água-forte. (Gravura, Técnica Indirecta) Gravura sobre metal, normalmente em placa de cobre ou de zinco que é coberta com uma camada uniforme de verniz. Desenha-se sobre esta com a ajuda de um instrumento de ponta que remove esta camada de verniz das linhas trabalhadas, expondo assim o metal. De seguida, a placa é colocada numa bacia com ácido (ácido nítrico, percloreto de ferro, mordente holandês), que corroerá as partes expostas do metal que estão sem a protecção do verniz, produzindo o sulco da imagem. Este modo de proceder permite um maior controlo da espessura das linhas, que vai ser determinado pelo tempo que a placa sofre a acção do ácido.


Água-tinta. (Gravura, Técnica Indirecta) Se o buril, a ponta seca e a água-forte produzem essencialmente linhas, a água-tinta permite a obtenção de superfícies regulares de meios-tons e texturas. A placa, como na água-forte, é processada com ácido. Pequenas partículas de resina são aplicadas na matriz e quando são aquecidas, fundem-se e fixam-se à superfície da placa. Neste processo, as partículas, ao fundirem-se, interligam-se. Quando é então colocada no ácido, forma-se na matriz uma superfície de pequenas depressões, pois este só vai atacar as partes não cobertas pela resina. Estas partes reterão a tinta na impressão, formando no seu conjunto, uma superfície regular de um tom determinado. A sua descoberta é atribuída a Jean Baptista Le Prince por volta de 1768. Tem como mestres, Goya, Chagall, Mason, Picasso, Paula Rego, entre outros.

 

Assinatura. Desde finais do século XIX e, sobretudo a partir de 1940, que a assinatura do gravador figura escrita a lápis de forma autógrafa na obra gráfica. Antes costumava ser gravada na chapa, de forma parcial, completa (firma in extenso), com anagramas ou monogramas.


Bisel. Cada um dos desníveis existentes nas extremidades da chapa, realizados com a lima, de forma a que a pressão do tórculo não danifique nem o papel em os feltros no momento da estampagem.


Brunidor. Ferramenta de metal duríssimo que apresenta uma das pontas curva e muito polida que se pressiona sobre as chapas de metal com o objectivo de as alisar ou de apagar zonas gravadas.


Buril. (Ferramenta) Trata-se de uma barra pequena de aço temperado, direita, de poucos centímetros de comprimento, que apresenta diferentes secções poliédricas de faces planas.
(Gravura, Técnica Directa) As gravuras em metal mais antigas foram feitas com buril, instrumento que requer extrema habilidade manual. Surge no início do séc. XV na Alemanha e na Itália, e tem como mestres Dürer, Schongauer, Pollaiuolo, Mantegna entre outros. Um sulco é gravado pela ponta de um buril de aço, que deixa um corte losangular na placa de metal. O traço produzido pelo buril varia de acordo com a pressão exercida pela mão do artista que o manipula, quanto mais pressão mais profundo será o sulco obtido. O sulco é seco e nítido e a sua impressão pode ser em negativo ou em positivo (traço em branco ou em preto). A técnica do buril também é conhecida como talhe-doce ou intaglio.

 

Calcografia. Com esta palavra denominam-se as gravuras realizadas em cobre e, por extensão, em qualquer suporte metálico utilizando uma das técnicas directas ou indirectas da gravura em profundidade.


Cubeta. Na terminologia calcográfica, é o nome que recebe o rasto que produz o bisel no contorno na chapa uma vez estampada sobre o papel. Também se conhece por marca de chapa, pisada, mancha ou testemunho.


Edição. Conjunto de estampas idênticas, limitadas e assinadas, fruto de uma mesma tiragem, produzidas com a(s) mesma(s) chapa(s). O responsável de produzir a edição, seja o próprio artista ou não, converte-se no editor.


Entalhe. Cada um dos sulcos, linhas, cavidades ou mordidas de uma chapa calcográfica. Também tem o nome de incisão.


Feltros. Os melhores são os de lã pura, macia e não tecida. Usam-se para atenuar a passagem dos rolos do tórculo no momento da impressão, proporcionando uma camada suave e quase elástica. Sobrepõem-se, conforme os casos, de dois a cinco feltros, sendo o de baixo o mais fino.


Iluminar. Aplicar directamente numa estampa, já impressa e seca, cor mediante aguarela, têmpera ou qualquer base aquosa. Também chamado realçar à mão ou enriquecer à mão.


Linoleogravura. Gravura em relevo realizada sobre placa de linóleo. Trata-se de um material industrial moderno, concebido para ser usado como revestimento de chão. É brando, de densidade muito uniforme e permite o talhe com facas e goivas em todas as direcções, conseguindo-se obter pormenores bastante finos. Também se usa o vocábulo linoleografia.


Maneira Negra ou Mezzotinto. (Gravura, Técnica Directa) Este processo é efectuado em duas etapas. Primeiro a placa é preparada, consistindo na movimentação pendular e constante de um instrumento chamado “berceau”, de uma extremidade à outra, até que esta fique completamente coberta de inúmeras pequenas depressões que resultarão na impressão de um fundo negro aveludado. Em seguida, o gravador agirá de modo inverso ao procedimento usual, conseguindo as zonas claras a partir do fundo escuro. Com o auxílio de um instrumento chamado “brunidor”, ele vai alisando a textura produzida pelo “berceau” na placa e construindo novamente as “luzes”.


Marca de registo. Registo utilizado na altura de estampar onde se indica a colocação das matrizes em relação ao papel.
Margens. Na anatomia da obra gráfica, chama-se “margens” às zonas do papel que emolduram a imagem gravada.
Monotipo. Trata-se de uma obra realizada sem matriz e, portanto, alheia a uma tiragem. Pinta-se ou desenha-se com uma qualquer tinta sobre uma superfície, para posteriormente se pressionar de forma manual ou mecânica até se conseguir uma obra única e irrepetível.


Mordente. Agentes encarregados de atacar as chapas de metal nas diversas técnicas da água-forte. Os mordentes subdividem-se em dois grandes grupos: os ácidos e os sais.


Mordida. Expressão usada na gíria das oficinas de gravura para exprimir a ação do mordente sobre o metal.


Numeração. Serve para justificar e determinar o limite de uma edição. Indica-se como uma fração, realizada a lápis por tradição e situado no canto inferior esquerdo da obra. No numerador indica-se o número da obra no conjunto da edição e no denominador o total de unidades existentes para além das provas realizadas antes do início de uma edição limitada.


Obra Gráfica Original. Edição limitada e irrepetível efetuada pelo artista e sob o seu controlo, utilizando as diversas técnicas disponíveis: serigrafia, gravura, litografia, fotografia ou impressão digital. Cada exemplar é numerado e assinado pelo artista.


Placa. Nome dado às lâminas de metal ou madeira delgadas, regulares e duras, usadas para gravar. É sinónimo de matriz.


Ponta seca. (Gravura, Técnica Directa) Nesta técnica de gravura, o instrumento usado é uma ponta de material duro e resistente como o aço. É utilizado como se fosse uma caneta. A sua extremidade é fina e ele “rasga” a superfície da placa, deixando neste acto uma fina rebarba de metal nas bordas do sulco gravado, o que resulta numa, muito característica, linha impressa aveludada.


Prensa. Máquina indispensável que imprime que imprime a pressão necessária para que a tinta da matriz passe para o papel. Existem diferentes tipos, sendo o tórculo a prensa mais adequada para calcografia e técnicas aditivas e a prensa vertical para gravuras em relevo.


Prova Bon à tirer ou B.A.T. Expressão francesa referente à prova única assinada pelo próprio artista, realizada por ele mesmo ou pelo técnico, que dá início à tiragem e que serve de referência, de prova modelo, no decurso da edição.


Prova de Artista ou P.A. São as provas destinadas ao artista, que formam parte da tiragem e que correspondem geralmente a 10% da edição.


Prova de Ensaio. São as provas utilizadas para experimentar diversos formatos, medidas, tipos de papéis ou diferentes tons e tipos de tintas.


Prova de Estado. Fazem-se com a intenção de ver o estado em que se encontra a imagem e de poder rectificar ou acrescentar o que o gravador sinta como necessário para satisfazer as suas intenções.


Prova Hors Commerce ou H.C. São as provas destinadas ao editor, que formam parte da tiragem e que correspondem geralmente a 10% da edição.


Raspador. Instrumento utilizado na gravura calcográfica. Trata-se de uma pequena barra de aço cortante, com três faces. Destina-se a raspar os traços errados e a cortar as barbas originadas pelo buril. Na outra extremidade, costuma ter o polidor.


Rebarba. Parte da chapa de metal levantada pela ponta seca na técnica do mesmo nome e que constitui a sua principal característica.


Resina de colofónia. Resina extraída do pinheiro, usada na preparação de vernizes para a gravura calcográfica e, sobretudo, para granir as chapas na técnica da água-tinta.


Resinadora. Também chamada caixa de resinas, é um móvel geralmente estreito e alto, em forma de caixa, em cujo fundo se coloca a resina de colofónia pulverizada ou betume-da-judeia, e de uma plataforma giratória unida a um eixo e a uma manivela exterior, que ventila e levanta a resina. Usada na água-tinta.


Tarlatana. Tecido de algodão semelhante à gaze mas de trama mais grossa, que se utiliza na limpeza da tinta das chapas.


Técnicas Aditivas. Incluem todas as técnicas em que, sobre qualquer tipo de matriz (de madeira, cartão, plástico, metal, etc), se adicionam materiais (bases adesivas, bases cremosas, materiais granidos e/ou texturados), produzindo baixos-relevos no papel. Também se denomina “collagragh”.


Verniz mole. Verniz gordo, de secagem lenta e pegajoso ao tacto, que dá o nome a uma variante da água-forte que permite obter com assombrosa fidelidade o traço de lápis (o efeito crayon) e a reprodução de texturas variadas.


Xilogravura. Técnica de impressão em relevo realizada sobre madeira, em geral de árvores de fruto ou buxo. As partes escavadas pelas ferramentas constituem as zonas brancas, enquanto as partes intactas receberão a tinta através de um rolo.