Darocha

Arquipélagos da Via Láctea

Jun. 2, 2005 - Jul. 2, 2005
CPS Sede

Inaugura no próximo dia 2 de Junho, quinta-feira, pelas 18h00, uma exposição de gravura do artista português Darocha, no Centro Português de Serigrafia (CPS). A Série apresentada – “Arquipélagos da Via Láctea” – foi efectuada no Atelier de Arte CPS entre 2004 e 2005 e é constituída por cerca de 30 exemplares únicos, 20 dos quais seleccionados para a exposição. Nascido em 1945 em Oliveira de Azeméis, Luís Darocha deixou Portugal em 1967 e foi viver para Londres, depois para Toulouse em 1969, instalando-se finalmente em Paris em 1970 onde passou a residir e a trabalhar, aí permanecendo até à actualidade. Sobre Luís Darocha que expõe individualmente desde 1968 (Galeria Alvarez) escreveu o conhecido crítico, igualmente radicado em Paris, Egídio Álvaro (catálogo da exposição no Museu Amadeo de Souza Cardoso em 1998): "Sempre conheci o Darocha como um investigador e um pesquisador do vasto campo da arte, isolado das tendências, como quase todos os grandes criadores, o seu trabalho é multifacetado. Ambíguo, por vezes, quase sempre fascinante, apoiando-se em lendas, em histórias semi-verdadeiras, numa mitologia pessoal extraordinariamente rica. Os materiais que utiliza são variados, mas em perfeita adequação com o conteúdo da mensagem. Tela, papel, madeira, metais, plásticos, textos ou pigmentos, tudo tem, na sua obra, um significado preciso e um sentido profundo." Na pintura, na gravura, na arte video, na ficção, publicou recentemente na Afrontamento o livro: O Farol das Estrelas Cadentes que ele mesmo ilustrou, Darocha tem vindo a revelar-se, como Egídio Álvaro sugere, um extraordinário contador de histórias, capaz de integrar as velhas lendas e os mitos arquetipais nas pequenas mitologias e nas fábulas do quotidiano, característica que apresenta justamente a sua actual exposição. Nas gravuras, sobre a folha branca que fragilmente parece sustentar o desenho tão delicado quanto fascinante, alinham-se numa distribuição orientada por um lógica oculta, micro paisagens habitadas por duendes, fadas, meninas de outras eras, pequenos monstros, princesas absortas em fantasias secretas, clowns, toda uma constelação de imagens saídas da infância, estrelas cadentes do firmamento dos sonhos, tombando no papel para deleite dos nossos sentidos e da nossa imaginação, reencantando o quotidiano. "Sinto-me da raça de Vasco da Gama e do Magalhães, e não daqueles que descobrem as Berlengas." escreveu Darocha. E é precisamente uma viagem que estas belíssimas gravuras documentam, através do "castelo dos destinos cruzados" a que já se referiu Italo Calvino, do continente inesgotável dos sonhos onde uma vez mais infinitamente se reescreve um sentido sempre escondido que as suas imagens, com humor, soberba ingenuidade e fina inteligência, na mestria do traço apurado e visionário, nos comunicam.